Asteroide, e não vulcões, acabou com os dinossauros

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

por  Universidade Yale

A atividade vulcânica não desempenhou qualquer papel direto no episódio de extinção de massa que acabou com os dinossauros, segundo uma equipe de pesquisadores internacionais liderada pela Universidade Yale.  Tudo teve a ver com o asteroide. 

Em um rompimento com vários outros estudos recentes, a professora assistente de geologia e geofísica de Yale, Pincelli Hull, e seus colegas argumentam em um novo artigo científico publicado no periódico “Science” que os impactos ambientais provocados por erupções vulcânicas massivas na Índia, na região conhecida como Basaltos de Decão, ocorreram bem antes do episódio de extinção do Cretáceo-Paleógeno, 66 milhões da anos atrás e, portanto, não contribuíram para a extinção em massa.

A maioria dos cientistas reconhece que o episódio de extinção em massa, também conhecido como K-PG, ocorreu após um asteroide chocar-se com a Terra.  Alguns pesquisadores também tem estudado o papel dos vulcões no K-PG devido a indícios de que a atividade vulcânica ocorreu mais ou menos à mesma época.

“Os vulcões podem provocar extinções em massa, porque eles liberam grande quantidade de gases, como SO2 e CO2, que podem alterar o clima e acidificar o mundo”, diz Hull, a autora do novo estudo.  “Mas trabalhos recentes concentraram-se no período em que ocorreu a erupção de lava, e não na liberação de gases”.

Para determinarem o momento em que ocorreu a emissão de gases vulcânicos, Hull e seus colegas compararam a mudança de temperatura global e os isótopos de carbono (um isótopo é um átomo com um número de nêutrons maior ou menor do que o normal) de fósseis marinhos com modelos do efeito climático da liberação de CO2.  Eles concluíram que a maioria do gás foi liberado muito antes do impacto do asteroide, e que o asteroide foi a causa única da extinção.

“A atividade vulcânica no final do Cretáceo provocou um episódio de aquecimento global gradual de cerca de dois graus, mas não uma extinção em massa”, afirma o ex-pesquisador de Yale, Michael Henehan, que compilou os registros de temperatura para o estudo.  “Diversas espécies mudaram-se para os polos Norte e Sul, mas elas retornaram bem antes do impacto do asteroide”.

“Muita gente teorizava que os vulcões foram um fator importante para o K-PG, mas nós estamos afirmando que não foram”, acrescenta Hull.

Pesquisas recentes sobre os Basaltos de Decão, na Índia, também indicaram que houve erupções massivas imediatamente após o episódio de extinção massiva K-PG. Esses resultados confundiram os cientistas, já que não há um episódio de aquecimento que se encaixe nesse cenário. O novo estudo sugere também uma resposta para esse enigma.

“O K-PG foi uma extinção massiva e isso alterou profundamente o ciclo global do carbono”, afirma o pesquisador de pós-doutorado de Yale, Donald Penman, responsável pelos modelos utilizados no estudo.  “Os nossos resultados demonstram que essas mudanças permitiriam que o oceano absorvesse uma quantidade enorme de CO2 em escalas de tempo muito longas, talvez camuflando os efeitos de aquecimento provocados pelo vulcanismo ocorrido após o impacto”. 

Link para o artigo original: https://phys.org/news/2020-01-death-dinosaurs-asteroidnot-volcanoes.html?fbclid=IwAR0M5Gpjt-SGzeQh3z8D-5CQOEAjOXdqxIGwgC_4Nv1OVrR0WZnsYEOT1o8

Tradução: Danilo Fonseca

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