Substâncias destruidoras do ozônio provocaram a metade do aquecimento do Ártico no final do século 20

por Universidade Columbia

20 de janeiro de 2020

Um artigo científico publicado em 1985 foi o primeiro a anunciar a existência de um buraco crescente no ozônio atmosférico da Terra sobre a Antártica.  Os cientistas determinaram que a causa do fenômeno estava em substâncias destruidoras do ozônio; compostos halogenados artificiais de vida longa.   Embora hoje em dia os efeitos destruidores dessas substâncias sobre o ozônio sejam bem entendidos, à época havia pouca pesquisa sobre os seus impactos mais amplos sobre o clima. 

Um estudo publicado hoje (20/01) no periódico “Nature Climate Change” por pesquisadores da Universidade Columbia examina o efeito estuda das substâncias destruidoras do ozônio e revela que elas causaram cerca de um terço do aquecimento global entre 1955 e 2005, e a metade do aquecimento e perda de gelo marinho no Ártico naquele período.  Assim, elas atuaram como um potente suplemento do dióxido de carbono, o mais pervasivo gás de efeito estufa. Desde então, os seus efeitos começaram a diminuir, já que elas não são mais produzidas e vão se desagregando lentamente.

As substâncias destruidoras do ozônio (ODS na sigla em inglês) foram desenvolvidas nas décadas de 1920 e 1930 e passaram a ser popularmente usadas como refrigerantes, solventes e propelentes.  Elas são feitas exclusivamente pelo ser humano, de forma que, antes desse período, não existiam na atmosfera.  Na década de 1980, um buraco na camada de ozônio estratosférico da Terra, que filtra grande parte da danosa radiação ultravioleta do Sol, foi descoberto na Antártica.  Os cientistas rapidamente atribuíram isso às ODS.

O mundo inteiro entrou em ação, fechando um acordo global para acabar gradativamente com o uso das ODS.  O Protocolo de Montreal, conforme foi chamado o acordo, foi assinado em 1987, tendo entrado em vigor em 1989. Devido à rápida reação internacional, as concentrações atmosféricas da maior parte das ODS atingiram o seu ápice no final do século 20 e desde então vêm caindo. Entretanto, durante pelo menos 50 anos, os impactos climáticos da ODS foram extensos, conforme revela o novo estudo.

Cientistas da Escola de Engenharia e Ciência Aplicada da Universidade Columbia e do Observatório da Terra Lamont-Doherty utilizaram modelos climáticos para entender os efeitos das ODS sobre o clima do Ártico. “Nós mostramos que as ODS afetaram o clima do Ártico de uma forma substancial”, diz Michael Previdi, pesquisador do Observatório Lamont-Doherty. Os cientistas chegaram às suas conclusões usando dois diferentes modelos climáticos que são amplamente empregados pela comunidade científica, sendo ambos desenvolvidos no Centro Nacional para Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos.

Segundo os autores, os resultados salientam a importância do Protocolo de Montreal, que foi assinado por quase 200 países. “A mitigação climática está em andamento neste momento, já que essas substâncias estão diminuindo na atmosfera, graças ao Protocolo de Montreal”, diz Lorenzo Polvani, principal autor do estudo e professor do Departamento de Física e Matemática Aplicadas da Universidade Columbia.  “Nas próximas décadas, elas contribuirão cada vez menos para o aquecimento global. E isso é uma boa notícia”.

Link para artigo original em inglês: https://phys.org/news/2020-01-ozone-depleting-substances-late-20th-century-arctic.html?fbclid=IwAR0hP0pQNHxJl_bsTmElGqCD3o9AHJDfwxcV3oGFzVYkZgP-6YOGyWLy7aM

Tradução: Danilo Fonseca

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